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Dietas low-carb e diabetes: riscos vs. benefícios

Índice:

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É inegável que a terapia nutricional é parte fundamental do tratamento da Diabetes. Mas será que faz sentido optar por dietas low-carb no meio de inúmeras abordagens e padrões alimentares possíveis?

Caracterizada por hiperglicemia crónica, a Diabetes Mellitus é uma doença metabólica que resulta de defeitos na secreção ou ação da insulina. Antes da “descoberta” desta hormona por Frederick Banting e Charles Best em 1921, o tratamento era feito através de uma dieta extremamente rigorosa, mas pouco eficiente e que, em muitos casos, levava à desnutrição severa.

Com a evolução científica e o desenvolvimento de outras terapias medicamentosas, a alimentação destes indivíduos pôde ser mais flexibilizada. Contudo, se o problema se encontra no metabolismo dos hidratos de carbono, não fará sentido continuar a restringir a sua ingestão?

O que é são dietas low-carb?

Apesar de não haver um consenso universal na sua definição, dietas low-carb são regimes alimentares que restringem a ingestão de hidratos de carbono, geralmente em menos de 130 gramas ou menos de 26% das necessidades energéticas totais. Esta redução visa diminuir a resposta glicémica pós-prandial e, consequentemente insulinémica, promovendo um melhor controlo dos níveis de glicose no sangue.

Tornaram-se mundialmente famosas como uma estratégia de emagrecimento, mas muito se tem estudado sobre a sua eficácia na melhoria do controlo glicémico na Diabetes.

Dietas low-carb na Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1)

A DM1 caracteriza-se pela destruição autoimune das células beta-pancreáticas, levando à dependência de insulina exógena para manutenção de euglicémia.

Estudos indicam que a adoção de dietas low-carb pode reduzir a HbA1c, a variabilidade glicémica e a necessidade da administração de doses elevadas de insulina. Parecem também aumentar o tempo no alvo glicémico.

Contudo, traduzem-se num aumento do risco potencial de hipoglicemia e cetoacidose diabética. Dependendo da constituição da dieta, podem também ter consequências para o risco cardiovascular. Desta forma, a sua utilização é ainda controversa, já que a sua segurança a longo prazo não foi ainda demonstrada.

É imperativo que se a pessoa com DM1 decidir que esta é a abordagem nutricional que quer seguir, o faça com acompanhamento médico e de nutricionista. Ajustes na medicação, monitorização frequente da glicémia capilar, capacidade de resposta numa situação de hipoglicémia ou cetoacidose e a qualidade nutricional da dieta podem necessitar de monitorização regular pelos profissionais de saúde.

Dietas low-carb na Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2)

A DM2 caracteriza-se por uma produção de insulina deficiente e/ou resistência à insulina. Está intimamente relacionada com fatores de estilo de vida, como a obesidade e o sedentarismo.

Estudos sugerem que dietas low-carb mostram reduções de HbA1c e a necessidade de antidiabéticos orais, sobretudo a curto prazo (menos de 12 meses). Parecem também ser eficazes na perda de peso, melhoria do controlo glicémico e redução do risco cardiovascular em indivíduos com DM2.

A American Diabetes Association (ADA) reconhece que dietas low-carb podem ser uma opção eficaz para algumas pessoas com DM2, quando acompanhadas de perto por profissionais de saúde. Podem ser necessários ajustes na medicação e insulina, bem como a pressão arterial deve ser monitorizada.

Em indivíduos a fazer tomas de inibidores de SGLT-2, abordagens nutricionais baixas em hidratos de carbono devem ser utilizadas com precaução devido ao risco aumentado de cetoacidose diabética.

Qual a melhor abordagem nutricional na Diabetes?

Não existe uma abordagem dietética única que sirva para todos os indivíduos com Diabetes. Dietas low-carb podem ser uma opção viável para alguns, mas devem ser adaptadas às necessidades e preferências individuais. A ADA enfatiza a importância de monitorizar regularmente os níveis de glicose e ajustar a terapia conforme necessário ao implementar mudanças dietéticas significativas. A educação alimentar personalizada é fundamental, e a consulta com um nutricionista é recomendada para estabelecer um plano nutricional individualizado.

Os principais objetivos da abordagem nutricional incluem:

  • Prevenir complicações associadas à Diabetes;
  • Atingir e manter um bom controlo glicémico, bem como níveis adequados de lípidos e pressão arterial;
  • Alcançar e manter um peso saudável.

Em resumo…

Benefícios:

  • Melhoria do controlo glicémico – a redução na ingestão de hidratos de carbono pode levar a menores picos glicémicos pós-prandiais;
  • Perda de peso – dietas low-carb podem contribuir para a redução do peso corporal, beneficiando especialmente indivíduos com DM2;
  • Redução da necessidade de medicação – alguns indivíduos podem necessitar de doses menores de insulina ou outros medicamentos antidiabéticos.

Riscos:

  • Hipoglicemia – a diminuição dos hidratos de carbono sem ajuste adequado da medicação pode aumentar o risco de hipoglicémia;
  • Cetoacidose diabética – particularmente em indivíduos com DM1, uma ingestão muito baixa de hidratos de carbono pode aumentar o risco desta condição grave;
  • Deficiências nutricionais – a restrição de certos grupos alimentares pode levar a uma ingestão inadequada de nutrientes essenciais.

As dietas low-carb podem oferecer benefícios significativos no tratamento da diabetes, especialmente na DM2. No entanto, é essencial que qualquer alteração dietética seja realizada sob supervisão de profissionais de saúde qualificados, garantindo uma abordagem personalizada que considere as necessidades individuais, medicação em uso e possíveis riscos associados. A educação contínua e o acompanhamento regular são pilares fundamentais para o sucesso terapêutico e a prevenção de complicações a longo prazo.

Referências bibliográficas

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