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Alimentação Sustentável: como incentivar?

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Num mundo onde o tema da alimentação sustentável está cada vez mais presente, surge uma questão crucial: como podemos incentivar uma alimentação sustentável aos nossos clientes?

Em todo o mundo, 900 milhões de pessoas passam fome e 2 mil milhões têm deficiências de micronutrientes, enquanto 1,9 mil milhões sofrem de excesso de peso. Atualmente, grande parte da população encontra-se inadequadamente nutrida, destacando a urgência de uma mudança na alimentação a nível global.

Além disso, é fundamental reconhecer o impacto significativo da produção de alimentos nas mudanças ambientais globais.

A produção de alimentos é responsável por cerca de 30% das emissões de gases de efeito de estufa, consome aproximadamente 70% da água doce disponível e é uma das principais causas de conversão de ecossistemas naturais em áreas agrícolas e pastagens, representando uma ameaça significativa para a biodiversidade e sobrevivência de diversas espécies.

Além dos desafios relacionados com a nutrição humana, estamos também a esgotar os recursos naturais do nosso planeta, tornando-se necessária uma mudança alimentar urgente.

O que é uma alimentação sustentável?

A alimentação sustentável engloba quatro dimensões:

  1. Ambiental: uma alimentação sustentável protege e respeita a biodiversidade e o ecossistema e tem um baixo impacto ambiental.
  2. Nutricional e saúde: uma alimentação sustentável é nutricionalmente adequada e contribuiu para um bom estado de saúde da população, tanto no presente como no futuro.
  3. Económica: uma alimentação sustentável é economicamente justa e acessível pela população.
  4. Sociocultural: uma alimentação sustentável é culturalmente aceite.

O que devemos incentivar?

Antes de pensarmos como promover uma alimentação sustentável, é importante refletirmos sobre aquilo que devemos incentivar.

Em 2019, um estudo realizado por um grupo de especialistas definiu uma dieta capaz de alimentar uma população mundial de quase 10 mil milhões de pessoas com uma dieta saudável dentro dos limites de produção de alimentos até 2050.

De forma geral, essa dieta recomenda que:

– As fontes de proteína sejam principalmente de origem vegetal, incluindo alimentos à base de soja e outras leguminosas.

Frutos gordos, peixe e fontes alternativas de ácidos gordos ómega-3 devem ser incluídos várias vezes por semana.

– Consumo moderado e opcional de aves e ovos.

– Redução significativa no consumo de carne vermelha e processada.

– Fontes de gordura principalmente de origem vegetal, com baixa ingestão de gorduras saturadas e sem óleos parcialmente hidrogenados.

– Hidratos de carbono principalmente provenientes de grãos integrais, com baixa ingestão de grãos refinados.

– O açúcar, não deve representar mais de 5% da energia consumida.

– Cinco porções de frutas e hortícolas por dia.

– Consumo moderado e opcional de laticínios.

Dentre todas estas recomendações, aquelas com um maior impacto ambiental são a redução do consumo de alimentos de origem animal, especialmente de carnes vermelhas, e o aumento do consumo de leguminosas e outros alimentos de origem vegetal.

Um estudo realizado em Portugal concluiu que a maioria dos consumidores está aberta a adotar uma alimentação mais sustentável e a aumentar o consumo de leguminosas, mas precisam de incentivo.  

Voltamos à questão inicial: como incentivar esta mudança?

Outro estudo investigou as atitudes em relação às leguminosas entre os consumidores e procurou compreender as oportunidades e as barreiras para aumentar o consumo deste grupo de alimentos.

Identificou-se que os maiores obstáculos à ingestão de leguminosas são:

  • Falta de hábito;
  • Desconforto após a ingestão;
  • Tempo prolongado de preparação;
  • Falta de aceitação de pratos com leguminosas por outros membros da casa;
  • Falta de habilidades culinárias;
  • Não aceitação do sabor.

Nesse sentido, foram reunidas quatro recomendações que poderão resultar num aumento do consumo de leguminosas:

1 – Focar nas mulheres que já têm uma atitude mais positiva em relação ao consumo de leguminosas e incentivá-las a introduzir leguminosas na nutrição diária das suas famílias.

2 – Informar tanto mulheres quanto homens sobre as razões do desconforto intestinal após o consumo de leguminosas e maneiras de eliminá-lo.

3 – Destacar os aspetos práticos de preparar e consumir todos os tipos de leguminosas, através da partilha de receitas ou dinamização de workshops.

4 – Promover os benefícios nutricionais do consumo de leguminosas tanto para mulheres quanto para homens.

Mais do que explicarmos os benefícios de uma alimentação sustentável, é importante ensinarmos aos nossos clientes, na prática, como podem adotar este padrão alimentar de forma fácil, saborosa e sem desconforto.

Com o incentivo adequado, podemos capacitar as pessoas a fazerem escolhas alimentares mais sustentáveis, contribuindo para um futuro mais saudável e equilibrado para todos.

Referências bibliográficas

  1. Willett, W.; Rockström, J.; Loken, B.; Springmann, M.; Lang, T.; Vermeulen, S.; Garnett, T.; Tilman, D.; DeClerck, F.A.J.; Wood, A. (2019). Food in the Anthropocene: The EAT–Lancet Commission on healthy diets from sustainable food systems. Lancet 393(10170) p. 447-492.
  2. FAO. Sustainable Development Goal 2: End hunger, achieve food security and improved nutrition and promote sustainable agriculture. Food and Agriculture Organization of the United Nations [acesso a 25/09/2023]. Disponível em: http://www.fao.org/sustainable-development-goals/goals/goal-2/en/.
  3. Duarte M, Vasconcelos M, Pinto E. (2020). Pulse Consumption among Portuguese Adults: Potential Drivers and Barriers towards a Sustainable Diet. Nutrients. 12(11):3336. https://doi.org/10.3390/nu12113336.
  4. Szczebyło A, Rejman K, Halicka E, Laskowski W. (2020). Towards More Sustainable Diets-Attitudes, Opportunities and Barriers to Fostering Pulse Consumption in Polish Cities. Nutrients.12(6):1589. https://doi.org/10.3390/nu12061589.
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